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domingo, 29 de julho de 2012

Alfred Hitchcock, "the real McGuffin" da história do cinema


O texto de Vinicius Marins propõe uma brincadeira: encontre o McGuffin da história. Até gente como eu, que adoooora filmes e não conhecia o termo, ficou sabendo quem o mencionou publicamente pela primeira vez. Não deu para surpreender - foi mais um lance do diretor que fez muitas inovações no cinema: Hitchcock.

Nascido em Londres, em 1899, de numa família supercatólica, Alfred Joseph Hitchcock trabalhou um pouco em publicidade e estudou muito a obra de Fritz Lang e outros diretores. Fã do expressionismo alemão, podemos perceber a influência do gênero em seus filmes. Ele apareceu para o grande público no início dos anos 40, após se mudar para a América, mas, para quem não sabe, sua carreira começou bem antes disso. Seu primeiro filme é de 1924 e no ano seguinte lançaria seu primeiro sucesso: The Lodger, um thriller vagamente inspirado na história de Jack, o estripador.  A partir daí o diretor praticamente viria a fazer um filme por ano.


Revolucionando a estética cinematográfica e o modo de fazer traillers, o sarcástico Hitchcock sempre dava um jeitinho de aparecer em suas famosas tramas de suspense. Com 67 filmes na carreira, tornou-se um dos mais produtivos, famosos e populares cineastas da história, marcando para sempre a cinematografia do suspense.


Hitchcock ficou conhecido internacionalmente em meados dos anos 30 com o filme O Homem que sabia Demais, que futuramente seria filmado novamente na América, com os queridinhos Dóris Day e James Stewart. Logo depois, Hitch se firmaria com o filme Os 39 degraus, um dos suspenses ingleses de maior sucesso na época. Foi quando começou a chamar a atenção de Hollywood.


Rapidamente Hitchcock se estabeleceu em Hollywood e sua parceria com o famoso produtor David O. Selznick, o mesmo de E o Vento Levou..., vencedor do Oscar de melhor filme de 1939, resultaria no super oscarizado Rebecca, que ganhou a mesma estatueta no ano seguinte. O filme o transformou em um diretor que podia atrair público e, por consequência, render muito dinheiro.


Nos anos seguintes Hitchcock se tornaria uma referência e faria vários experimentos, desde uma sequência idealizada por Salvador Dali até o ambicioso Festim Diabólico, filme que não foi editado e cujas pausas foram feitas somente para trocar os rolos. Sua parceria com Saul Bass, designer, e Bernard Herrman, para as trilhas sonoras, também foram de extrema importância para a construção do mito.



Em 1954, ele lançaria dois filmes com Grace Kelly, disque M para Matar e aquele que viria a ser um dos mais conhecidos e o maior sucesso na época, Janela Indiscreta, com James Stewart (na foto da home no site), também revolucionário em estética e narrativa, no qual o protagonista ficava confinado em um apartamento e o filme se desenvolve do ponto de vista fragmentado deste personagem.


Hitchcock gostava de desafiar o espectador e isso o levou a um novo empreendimento: a série para televisão Alfred Hitchcock Presents. O homem era danado, além de top diretor, transformou-se numa celebridade da televisão! A série se entendeu por oito temporadas e tinha o próprio diretor como host. Seu jeito ácido e brincalhão conquistou milhões e a revista Time incluiu a série entre os dez melhores shows de TV em todos os tempos.



Entre tantos filmes, acho que assisti Vertigo (Um corpo que cai) umas dez vezes e, conforme o tempo foi passando, as minhas dúvidas foram mudando. Como ele fazia essa movimentação de câmera? Como ele foi pensar nisso numa época em que ainda não se usava CGI (computação gráfica)? Como ele idealizou a sequência da vertigem que o James Stewart sente quando está em lugares altos? O efeito, usado pela primeira vez no cinema, surpreendeu tanto e ficou tão famoso que ficou conhecido como Vertigo Effect.


Podemos ficar dias falando de Hitchcock e seus filmes, o diretor é um dos maiores ícones do cinema mundial e continua influenciando jovens diretores até hoje. Sem Hitchcock, a história do cinema mundial com certeza não seria a mesma coisa, ficaria mais rala e perderia muito a graça.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Em busca das origens de iamamiwhoami




Outro dia, estava em um dos sites que mais gosto de passar o tempo - o rateyourmusic.com - e me deparei com um álbum deste ano, chamado “kin” de um(a) tal de iamamiwhoami. Pois é: quem?!


Dando seguimento às investigações, entrei no youtube para ouvir as canções da criatura. Eis que algo ainda mais revelador aconteceu. Descubro que a pessoa em questão – uma jovem loira – fez do seu álbum uma obra audiovisual, onde todas as faixas são clipes. A partir daí, como um bom detetive, abri os arquivos que tinha à minha disposição (ou o histórico de vídeos do youtube no canal da artista).

Para mais uma surpresa, o primeiro vídeo do canal era uma espécie de teaser pra lá de esquisito... Chegando ao fim, me lembrei de já tê-lo assistido há alguns anos: na época, acreditava que o vídeo era um trailer misterioso para o álbum-visual do grupo psicodélico Animal Collective, que estava prestes a ser lançado. Mas esqueci do vídeo, e nunca cheguei a assistir o filme do Animal Collective. Agora, este vídeo criava uma grande confusão mental. Estava envolvido numa trama, e precisava entender quem era, de fato, iamamiwhoami.

"Prelude 699130082.451322-5.4.21.3.1.20.9.15.14.1.12", ou o teaser em questão!

Ela é Jonna Lee. Antes de ser a personagem que me levou a esse texto, a cantora sueca fazia um indie pop despretensioso que pouco chamava atenção. Então, a partir do vídeo mencionado de menos de um minuto, Joanna surgiu para o mundo. Em seguida, uma série de mini-clipes estranhos, com digitos e mensagens subliminares, continuaram a serem lançados no youtube. A imprensa suspeitava da autoria: Björk? Lady Gaga? Trent Reznor (vocalista do Nine Inch Nails)? Até mesmo a cantora pop Christina Aguilera foi cogitada... Eu e outros fãs do Animal Collective acreditavamos que fosse obra da banda.

trecho do álbum-visual do Animal Collective

Então, os clipes deixaram os números de lado e deram lugar à letras, as primeiras foram “b” e “o”. Nesses vídeos, o rosto da personagem ficava em evidência, mas a maquiagem e as distorções não deixavam o público descobrir sua identidade. Mesmo assim, a partir dos clipes, alguns fãs de Lee já começaram a suspeitar da sua nova persona, embora a assessoria da cantora tenha publicado uma nota que, caso a artista estivesse envolvida nisso, eles não tinham o menor conhecimento. A sequência de letras formaram a palavra “bounty” (“generosidade” em inglês). Até o fim da série, já se tinha noção que a misteriosa cantora loira tratava-se mesmo de Jonna Lee.

As travessuras de iamamiwhoami não terminaram aí. No final de 2010, a cantora produziu algo ainda inominável na história da música: uma espécie de videoclipe ou album visual em plano-sequência. A perfomance, chamada de In Concert, foi transmitida ao vivo na internet. Em mais de uma hora, iamamiwhoami canta as músicas de Bounty, enquanto atua numa espécie de peça ao ar livre. A história conta os últimos momentos de vida de um homem: o protagonista caminha por uma floresta; dança com a morte ou um espírito da floresta (interpretado pela própria Jonna); é velado e, por fim, incinerado e enterrado. Ainda há tempo para a morte (ou iamamiwhoami) tocar uma canção celebrando a finitude do sujeito.

iamamiwhoami - "In Concert"

Os vídeos da cantora são baseados em experimentação, mas todos se interligam, sendo, assim, conceituais. A estética e temática propõem assuntos que estão em pauta: uma abordagem crítica sobre a destruição do meio ambiente. Por exemplo, grande parte da obra se passa em uma floresta, porém o ambiente encontra-se envolto em papéis, alumínios e outros materiais que consumimos diariamente. Iamamiwhoami surge como a representação de elementos que simbolizam a degradação da natureza: com o corpo totalmente negro (uma possível representação do petróleo); com alguns pingo de neve (uma metáfora do degelo).

Atualmente, a cantora promove seu primeiro álbum “oficial” sob a alcunha de iamamiwhoami. E já carrega no currículo uma série de prêmios e indicações relativos à sua inovação no mercado fonográfico, em especial.

Há cerca de um ano atrás, eu tentava encontrar algumas respostas para os caminhos que os videoclipes estavam tomando. A verdade é que as ações de iamamiwhoami estão, sem dúvidas, entre os mais relevantes. Não só pelos os clipes, mas pela amplitude de diálogo que o músico contemporâneo pode ter com seu público. Sem contar que a sua história daria uma bela HQ noir dos tempos atuais: a cantora loira que vem intrigando a imprensa mundial, com seus vídeos que dominam o youtube e tornam-se virais da noite para o dia.

o antes, Jonna Lee e seu simpático indie pop

o agora, iamamiwhoami e uma das canções de seu novo álbum