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terça-feira, 12 de novembro de 2013

O outro lado da vida pública

por Laura Tardin


A polêmica não é recente. Desde a Nova Constituição, dois artigos básicos parecem brigar entre si, ou desta forma são interpretados pelos mais desatentos. Um estabelece que é "livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença", o outro diz que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". O grifo é meu, por ser justo o detalhe que tornaria possível coordenar esses dois direitos sem que se atropelem.

Nos últimos anos, temos assistido a postagens de vídeos no You Tube de artistas que se expõem, mas ficam ofendidos quando não são eles os autores de sua própria exposição e há processos judiciais movidos contra quem exerce o direito de se expressar da maneira que quiser. No campo de batalha atual, ganha quem reivindica e tem sido fácil para o sujeito que reclama tirar um vídeo do ar ou um livro das prateleiras.

Em 2007, Roberto Carlos exigiu que fossem retirados todos os exemplares do livro Roberto Carlos em Detalhes, atitude que causou estranhamento em alguns de seus fãs. Enquanto corre a questão judicial, o imbróglio ganha a participação de diversos artistas brasileiros. De lá para cá, foi criada a associação Procure Saber, que defende a prévia autorização para as biografias no Brasil.  Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque endossam a iniciativa, entendida por muitos como reacionária, já que favorável à censura prévia, podendo atingir inclusive trabalhos acadêmicos ou de pesquisa, como comenta a nota do site Aventura de Ler.

Quem defende autorização prévia para biografias se diz a favor da intimidade e da preservação da privacidade da pessoa pública. Do outro lado, nomes como Alceu Valença, Fagner, Lobão, o jornalista Ruy Castro (autor de biografias de Nelson Rodrigues e Carmen Miranda), a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda (irmã de Chico Buarque), a escritora Ana Maria Machado, presidente da ABL, e até o ministro Joaquim Barbosa são contra a proibição por entenderem que a história dos artistas faz parte da história cultural do Brasil, podendo e devendo ser compartilhada, posição que independe do questionamento acerca daqueles que tanto fizeram contra a censura do tempo da ditadura. Naturalmente, há ainda quem conclua que quem esconde carrega algo de podre...

Uma artista que opinou no caso é Valesca Popozuda. Não conhece? Valesca é uma das principais intérpretes do também polêmico funk carioca e um dos expoentes do que se conhece como “reação feminina do estilo musical”, representando em letra e atitude a mulher forte e dona de seus desejos e atos. Ex- líder do grupo Gaiola das Popozudas, atualmente em carreira solo, Valesca afirmou em entrevista à revista Quem que “artista está na chuva para se molhar” e que biografia feita com respeito deve ser publicada. Sendo uma das fãs decepcionadas com o Rei Roberto Carlos, vê com naturalidade a curiosidade do fã acerca da vida de um ídolo.

Funkeira posa em ensaio exclusivo, que remete a músicas de artistas do movimento “Procure Saber”



Em que medida uma opinião pode ser relevante para um tema? A opinião de Valesca Popozuda importa? Importa, sim, na medida em que Valesca é uma das personalidades mais ousadas de seu meio - como foram um dia Chico, Caetano e Gil dentro de determinado cenário.  Assim como eles correram riscos num tempo de censura e violação de direitos, Valesca põe a cara à tapa num universo dominado por homens. No meio conhecido por ser tão masculinizado, a intérprete tem letras como “My Pussy é o Poder” e “Quero te Dar”, invertendo a lógica da mulher que tem de cumprir o desejo do homem e colocando o próprio desejo em primeiro plano. Valesca canta a mulher que faz sexo porque quer e quando, onde, como e com quem bem lhe entender.




Em seus 35 anos de vida, Valesca Popozuda provou ser uma mulher corajosa. De origem pobre, infância passada no Irajá, com 18 irmãos e irmãs, saiu de casa aos quatorze anos e começou a trabalhar. Depois de uma entrada gradual no funk, a loira platinada que usa lentes azuis e tem o bumbum no seguro, já fez parte de reality shows, desfilou em escola de samba e ficou de frente com Marília Gabriela.

No seu ensaio da Playboy, mais uma vez foi destacada a sua condição humilde, com todas as fotos realizadas numa favela. A mais famosa é aquela na qual beija uma fotografia do ex-presidente Lula. Seu filho, que nasceu quando tinha 20 anos, é favorável à postura da mãe e a defende dos colegas maldosos. Um dos fatos mais interessantes sobre Valesca é que serviu como referência em um projeto de mestrado aprovado pela Universidade Federal Fluminense. Em “My pussy é poder – A representação feminina através do funk no Rio de Janeiro: Identidade, feminismo e indústria cultural”, a autora Mariana Gomes tinha como objetivo investigar se as letras das cantoras do funk eram feministas ou apenas atendiam a um mercado de demanda erótica. 

Alunos da UFF afirmam que não existe “baixa cultura”, colocando a temática do funk ao lado de, por exemplo, temas que invocam Saramago.  Enquanto a discussão que avalia o funk como cultura não é ultrapassada, me coloco ao lado de quem entende que cultura é a simples expressão da identidade de um povo, seja ela considerada “alta” ou não.

Valesca Popozuda está em constante mutação e atualização. Ultimamente, tornou-se musa de um novo público para o funk, o público gay. Identificados com os temas apimentados e a liberdade para falar do corpo e de sexo, homossexuais fazem parte de uma nova fatia interessada no estilo musical, o que lhe atribui uma nova faceta cultural. Seu alcance vai mais longe quando vira ídolo de um público de classe social mais alta, cujos fãs pagam caro para ver seus shows luxuosos.  Tornando-se ídolo cult para aqueles que defendem o funk como meio inquestionável de cultura, Valesca faz até shows internacionais.





Enquanto artistas da velha e boa guarda nacional tentam preservar sua intimidade, artistas como Valesca se abrem para a exposição pública, sem fazer disto um problema. Em seu Instagram, com 115 mil seguidores, são postadas fotos de sua rotina. Na data de seu aniversário, saiu para almoçar com fãs.  Valesca é filha de seu tempo, uma era de exposição e visão Big Brother em todos os cantos, e aproveita sua ousadia natural, adquirida na sua trajetória de vida, para exercer seu carisma e ficar ainda mais próxima dos fãs. Se Caetano, Gil ou Chico ficam desconfortáveis com o invasivo mercado de exposição, há quem saiba aproveitar para ficar no controle de sua própria imagem - não somente enquanto artista, mas enquanto pessoa de opinião formada e de posição completamente diferente.  



terça-feira, 5 de novembro de 2013

1973 foi um ano bom.

por Thiago Ortman

A morte de Lou Reed na semana passada, me trouxe a oportunidade de reviver um pouco do universo do cantor. Sempre vibrei com qualquer coisa do Velvet Underground, mas meu objeto de pesquisa não foi a banda apadrinhada por Andy Warhol, e sim a carreira solo de Reed, muito reverenciada, que eu pouco conhecia.

Entre reouvir e ouvir o rico material sonoro de Lou Reed nas últimas noites, acabei me fixando no álbum Berlin, certamente a coisa mais bonita - e ao mesmo tempo bem triste - que ouvi recentemente. Não vou aqui avaliar ou criticar a obra, mas ressaltar que este é mais um álbum gerado em 1973, um ano glorioso para a música, ao meu ver.

Tá certo que dos primeiros anos da década de 60, até meados de 70, fica muito óbvio reverenciar a música,.  Boa parte das obras mais brilhantes da música contemporânea saíram desses anos. Mas 73 é um ano particularmente marcante, e numa simples reflexão de botequim vale repensar sua posição diante do tempo e espaço – já partindo para a “mirabolância” reflexiva.

A partir daqui, prepare-se para muitos nomes de discos, de todos os tipos. E vídeos e mais vídeos. Muita referência. Enfim, se você acha que esse papo já está indo muito longe, companheiro, é hora de parar.




Um ano que marca o início de movimentos que irão dominar a segunda metade dos anos 70, como o Punk – Iggy Pop & the Stooges e New York Dolls, por exemplo –, mas que ainda reverbera uma ressaca maravilhosa de quem já produzia em larga escala naquele momento. Um ano de alta do Rock Progressivo, à exemplo de três expoentes do gênero que emplacavam grandes discos: Pink Floyd em Dark Side of the Moon (para muitos o magnum opus do grupo, o que não é o meu caso); Genesis em Selling England by the Pound; e King Crimson em Lark's Tongue in Aspic. Mas não só de mainstream que o progressivo era feito, no mesmo ano bandas menos conhecidas produziam álbuns dignos de atenção: Gong e Magma (abaixo), sonoridades únicas que merecem reconhecimento.





Alguns artistas viviam um dito pós-auge, mas as consequências desses materiais não merecem passar despercebidos: The Who após Who's Next, produziu outra opera-rock (Quadrophenia); Led Zeppelin após seu IV, gerou Houses of the Holy (abaixo) em 73; após a maravilhosa sequência de Black Sabbath, Paranoid, Master of Reality e Vol 4, Ozzy Osbourne chegava a Sabbath Bloody Sabbath. E o próprio Lou Reed se encaixa nesta lista: no ano anterior, Transformer rendou o status de obra-prima, mas Berlin veio na mesma balada.




Mas também houve quem chegava ali ao grande momento. No Reino Unido (For Your Pleasure, de Roxy Music), na Jamaica (Catch a Fire, de Bob Marley), nos Estados Unidos, sul (pronuncia 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd) de Lynyrd Skynyrd (abaixo) e norte (Innervisions, de Stevie Wonder). Falando em Stevie, o soul vibrou com Marvin Gaye (Let's get it on) e Al Green (Call Me).





Enquanto David Bowie sedimentava sua carreira com Alladin Sane, Tom Waits nascia para o mundo com Closing Time. Ainda teve John Martyn, John Fahey, Elton John e o "John" do Brasil: João Gilberto lançando uma obra-prima.




Realmente não dá pra esquecer daqui.  Neste ano Secos & Molhados estreava seu homônimo, aquele que viria a ser um dos maiores álbuns da história da nossa música. E Tom Zé nos dava Todos os Olhos.





Bem, Berlin parece que foi a cereja do bolo para um ano particularmente tão bom, que vai envelhecendo e melhorando como vinho. Falando em Lou Reed, não dá pra deixar de falar no seu parceiro de Velvet, John Cale lançando Paris 1919. E o parceiro do John Lennon? Paul produzia Band on the Run junto com Wings. Fela Kuti continuava destruindo na África e Herbie Hancock com Head Hunter. Faust, Alice Cooper, Can, Mahavishnu Orchestra, Banco del Mutuo Soccorso... 


Amigo, depois vou te contar uma coisa sobre 67, aquilo sim foi ano! Ô se foi...


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sem saudade da esculhambation

por Doris Dias

Quando escrevo para Aventura de Ler, costumo ocupar (sem grandes méritos, é verdade) a seção leitura, que atualmente está sendo melhor usada na divulgação das obras literárias que foram expostas de forma criativa no pavilhão brasileiro da Feira do Livro de Frankfurt – a maior do gênero no mundo.

Visitei a feira pela primeira vez e tudo que vi me trouxe insights que acho melhor comentar neste blog – mais apropriado para achismos despretensiosos que vou tentar não fazer descartáveis.  Minha autocrítica sobra da leitura de certas colunas semanais que nem sempre são ocupadas por informação relevante, mas por impressões mais ou menos interessáveis – como o texto do Daniel Galera sobre sua chegada ao mesmo evento, publicado no espaço que assina no jornal O Globo às segundas e que você pode ler aqui.

Visão parcial do Pavilhão do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt


Se já leu, posso dizer que a frase que mais me interessou foi a que comenta o silêncio assustador de Frankfurt.  Por que assustador?  Por que não estranho ou revelador? Lembro então do que aconteceu a uma amiga psicanalista que ao visitar Tóquio e se hospedar no mesmo hotel do filme Encontros e Desencontros, situado nos andares mais altos de um prédio de 233 metros de altura, abriu uma das janelas à prova de som do quarto e deparou-se com um silêncio incompatível com a cena ofuscante de uma das cidades mais movimentadas do planeta.  Achou que estava tendo uma crise de disritmia, com o ritmo do cérebro ralentando e provocando uma sensação que é das mais aflitivas (só perde para o ataque de pânico).  Pensou que havia algo de errado com ela quando o problema é inteiramente nosso.  Falamos muito e alto demais. Estamos acostumados a provocar barulho. Bastam dois pares de brasileiros num restaurante apinhado de alemães para que nenhum outro som seja ouvido. Não achamos bonito (sabemos que é resultado da nossa generalizada falta de civilidade), mas sentimos a ausência da nossa própria zoeira como se fosse uma pane em um de nossos sentidos.  Justo aquele que deveria ser melhor calibrado para dar espaço ao Outro.

Pois bem, a Feira de Frankfurt é monumental em área e número de participantes, mas seu espaço físico não pode ser mais parecido com uma gigantesca clínica de detox em dia de visita.   Tirando o tamanho, tudo ali é justo: a programação usa apenas duas cores, vermelho e preto, sobre o branco das paredes, pisos e tetos; não há frases ou textos gritantes, apenas uma sinalização monocórdica para a orientação dos visitantes.  Os dois primeiros dias da feira são exclusivos para profissionais do meio editorial e não pude deixar de notar que Aventura de Ler foi automaticamente aceito, via email, como portal de divulgação da leitura, enquanto a Bienal do Livro carioca nos exigiu um contracheque (!!!) como prova da nossa relação com o site, que poderia se inscrever como mídia e esperar ser preterido entre os credenciados.  Em 2011, com o site recém-inaugurado, tivemos que pedir uma forcinha a uma das maiores editoras cariocas para garantir nosso trabalho de divulgação.  Ou seja, além de barulhentos, gostamos de complicar, entupir os procedimentos e forçar a improvisação (ou a sua versão sinistra, a corrupção).  Por isso, há quem ainda nos veja como muito criativos, tendo em vista nossa longa intimidade com matreiras soluções de última hora.

A participação do Brasil nesta feira, até por ser um programa do governo, demonstrou estar perfeitamente alinhada com o tempo atual.  Não foi simples atuação para inglês ou alemão ver, optou-se realmente por mostrar um Brasil de muitas vozes e o eco das manifestações populares fez o coro de fundo, enquanto os discursos de abertura e encerramento, pedra cantada antecipadamente, expunham as nossas mazelas.  O diretor da Feira resumiu: “é um país angustiado consigo mesmo, mas que não deixa de ser criativo”, disse Juegen Boos.

Auditório no Pavilhão do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt


Embora Frankfurt fosse o objetivo primeiro da minha viagem, fui ao encontro de Raphaela Leite e Victor Mattina, coleguinhas do AL, que estavam em Berlim, a cidade que todo hipster tem no coração.  Combinamos assistir à Maratona de Berlim, a mais rápida de todas e um dos principais eventos de participação popular da cidade, onde encontramos um carioca que não correu por causa de uma fascite plantar, mal comum aos maratonistas.  Dividido entre o desapontamento e a solidariedade, ele me sai com o seguinte comentário: aqui é bem diferente do Rio, onde ninguém apoia os atletas e quando vai assistir é para gritar coisas como ”Dá-lhe maluco!”.  Um país de gozadores, claro, onde ninguém perde a piada. 

Assim como Frankfurt, Berlim também é bastante silenciosa e não é incomum presenciar cenas como a das duas crianças de colo quietíssimas num aparentemente abandonado carrinho de bebê duplo, estacionado na calçada enquanto a mãe sem pressa prova roupas em uma loja.  Raphita observou: “em Berlim nem os cachorros latem”.

Chegar em voo diurno e poder ver as cercanias das cidades europeias é um dos meus programas favoritos – seja Frankfurt, Berlim (supreendentemente arborizada e verde) ou Lisboa, meu portão de entrada e saída nesta viagem.  Desconfio que Lisboa não esteja no peito de nenhum hipster, mas só a visão do conjunto daqueles telhados (de tão conservados, parecem que foram todos trocados há pouco) derrete qualquer resistência de quem é doente do pé. Considero a capital portuguesa parada obrigatória para todo brasileiro e apoio inteiramente a campanha promovida pelos lisboetas para nos seduzir de vez: Lisboa convida Brasil, que dá dicas ótimas.  Só falta combinar com o pessoal de controle de passaportes para agilizar a entrada no país, onde se perde uma eternidade de um tempo em que todos estão ansiosos ou muito cansados.  Se é verdade que representamos uma parcela significativa do público da TAP, não seria pedir demais que fosse aberta uma fila para os voos brasileiros.  Simpatia e calor humano sempre foi o caminho mais fácil para o coração brasileiro.



Por outro lado, chegar ao Rio em voo diurno é um tapa na cara. Sobrevoar o amontoado de casas desalinhadas, sem nenhum cuidado urbanístico, e chegar pelos fundilhos negros e fedorentos da Baía de Guanabara, não tem clipe do U2 que dê jeito, é uma vergonha que pesa como uma pedra no coração dos cariocas.  A sensação piora no Galeão (o nome de Tom Jobim merece esperar por dias melhores) e chega quase à tragédia na fila dos táxis.  Mais à frente temos o abandono da Ilha, a Linha Vermelha e seu odor característico, e nem as empenas imundas dos prédios do Jardim Botânico escapam.  Ninguém merece.  Não acredito que os estrangeiros ainda possam encontrar encantos nesta visão.  Não faz muito tempo que um ex-presidente de uma companhia francesa com sede no Rio, perguntado sobre o que lhe fazia mais falta do tempo em que residiu no Brasil, respondeu quase melancólico: “esculhambation...”

Infelizmente, não temos mais tempo para ela.  Lamento informar, senhor empresário, mas estamos em confronto com essa tal e queremos mudanças que não serão para seus olhos ou diversão.  Como diz o escritor Paulo Lins no vídeo do nosso site, é uma questão do brasileiro e temos urgência.  Assim como o Brasil que se exibiu em Frankfurt, queremos um país passado a limpo e queremos pra ontem. 

Veja as fotos da Feira no nosso tumblr.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Top 5 Alta Fidelidade

por Tatiana Laai


Alta Fidelidade é um livro que virou filme e virou disco, desses que todo mundo já leu, viu ou ouviu e ama muito! O livro de Nick Hornby está sendo reeditado e com isso todos voltam a falar dele. Confesso que não li o livro e  acho a trilha sonora muito mais legal que o filme em si. Sou da turma que ouviu e amou muito. Já tive o livro nas mãos umas duas vezes: quase peguei emprestado com uma amiga que está sempre lendo Hornby e quase já o comprei com um mega desconto nessas feirinhas de livros que têm na cidade. Não comprei e nem peguei emprestado porque a lembrança que eu tenho do filme é forte e, no final das contas, fiquei com preguiça de ler sobre aquele “mimimi minha namorada me deixou”, “mimimi por que ninguém me ama?”  Mas, pode ser que eu esteja redondamente enganada e o livro seja muito mais do que isso. Tem gente que acha a adaptação pro cinema melhor que o livro.  Por enquanto, fico com a trilha sonora mesmo.




O filme é uma comédia romântica que conta a história de Rob (John Cusack), dono de uma loja de discos que está numa crise e quer entender porquê nunca consegue ter um relacionamento duradouro com suas namoradas. No meio dessa história, com muita música e piadas inteligentes, a trilha sonora é praticamente um personagem.  Rob ama música e fazer listas e a história do filme é narrada de forma  bem original: com listinhas musicais de top 5. Por exemplo,  começamos com o Top 5 dos "foras" que ele tomou ao longo de sua vida. Cada um desses "foras" é uma história à parte, que depois serve para definir a complexa personalidade de Rob.




Logo no começo do filme, Rob diz não saber se sua vida é miserável porque ele ouve música pop, ou se ele ouve música pop porque sua vida é miserável. Ele associa canções a determinados sentimentos, acho que todo mundo que gosta muito de música faz isso. Assim como Rob, qualquer um de nós poderia organizar uma coleção de discos ou CDs, ou melhor de playlists e arquivos de mp3, em ordem autobiográfica. Todos nós gostaríamos de uma trilha sonora para embalar  nossa existência!  É claro que Rob e seus assistentes, Dick e Barry, têm a vantagem de trabalhar justamente numa loja de vinis, o que lhes permite levar uma vida literalmente musicada. 

A música é tão importante na existência desses três rapazes que chega a espelhar o próprio temperamento de cada um: Barry, o explosivo, gosta de ritmos mais agitados e letras mais apologéticas; Dick, o sentimental, aprecia melodias mais tranqüilas e versos românticos; e, por último, Rob faz jus ao seu humor oscilante e demonstra ser mais eclético em suas preferências.  E aí não tem pra ninguém! A trilha é a estrela absoluta do filme com grandes nomes da música independente e da música pop mundial.  O hábito cultuado por Rob de fazer listas dos `Cinco Mais` sobre qualquer tema é outro legado dessa história:  depois deste livro, fazer as tais listinhas é praticamente irresistível!  Deixo aqui o  Top Five das minhas músicas preferidas do filme: 



1.       Shipbuilding - Elvis Costello & The Attractions
2.       I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever) - Stevie Wonder
3.       Let's Get It On - Jack Black
4.       Everybody's Gonna Be Happy - The Kinks
5.       Who Loves The Sun - The Velvet Underground

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

HEY HO! LET’S GO!!

por Tatiana Laai

Você pode até não gostar, achar que é um tipo de som bobo e barulhento. Pode se sentir aviltado pela agressividade de algumas músicas ou pelo visual extravagante, ou pode justamente se identificar com todas aquelas jaquetas de couro com spikes, com os cabelos moicanos e com a maquiagem pesada. E quem sabe você não vai curtir a força e a energia das melodias rápidas e agressivas, ou simplesmente se identificar com aquela raiva e rebeldia adolescente que serviu de combustível para um movimento que começou com um bando de garotos sem rumo lá no final dos anos sessenta, e que acabou provocando uma revolução cultural e artística que até hoje inspira boa parte da juventude? Não importa se hoje o punk rock é pop, que os punks tornaram-se atração turística em Piccadilly Circus e que música, movimento e ouvintes são cercados de suspeitas - o fato é que ninguém fica indiferente ao tal do punk rock.

Pra quem quiser continuar lendo o texto com trilha sonora, acesse:
http://8tracks.com/tatilaai/hey-ho-let-s-go-aventura-de-ler-blog




Sempre gostei muito de música, mais ainda de pop rock, pra ser bem específica, e meu contato com o punk veio na adolescência.  Na minha fase mais roqueira e mais heavy metal, alguém me apresentou aos Ramones. Me apaixonei pela energia da música, que dava vontade de sair gritando e quicando por aí: HEY HO! LET’S GO!!! Adorava que os todos integrantes da banda adotavam o sobrenome Ramone, que tinham o mesmo corte de cabelo e cara de mau, e adorava que as músicas fossem meio irônicas, meio raivosas, e as vezes muito engraçadas, tudo ao mesmo tempo agora, como aquela em que o sujeito reclama que a KKK tinha sequestrado sua namorada.





Passei a ouvir bastante música punk depois que conheci os Ramones. Aí veio a paixão pelos ingleses do The Clash e a minha melhor amiga do colégio na época, a Rapha Leite (a mesma que escreveu aqui sobre a Patti Smith), me fazia ouvir Sex Pistols todos os dias. Depois veio o livro Mate-me por favor, que é um mega relato sobre o nascimento do punk e deu consistência e história para todas as músicas que eu estava ouvindo. Fui atrás de todos aqueles artistas que aparecem no livro. Vai ver é por isso que até hoje o punk mais clássico e antigão dos anos setenta é o que eu gosto de ouvir, mesmo sabendo que hoje em dia o punk rock é muito mais complexo: tem muitas formas, cores e sabores. No final dos anos setenta, o punk andou se mesclando com o ritmo jamaicano chamado Ska e o tal do Ska Punk foi a coisa que eu mais ouvi na adolescência antes de cair nas graças do rock de Seattle, mas isso é outra história.

O fato é que o punk me levou a ouvir outros tipos de rock e prestar mais atenção em política. E confesso que hoje sou muito mais fã de ska do que do punk em si. Mas os clássicos são eternos, por isso listo aqui as minhas 10 canções punks preferidas, que são a  trilha sonora perfeita do livro Mate-me Por Favor - e por que não, desse tanto de manifestações que tomaram o Brasil de assalto.

Pra quem prefere conferir a perfomance das bandas:

1.      Blitzkrieg Bop – Ramones

2.      Anarchy in the UK - Sex Pistols

3.      London Calling - The Clash

4.      Search and Destroy - The Stooges

5.      Kick Out the Jams - MC5

6.      Blank Generation - Richard Hell and the Voidoids

7.      Pretty Vacant – Sex Pistols

8.      Gloria - Patti Smith

9.      Live Fast Die Young - Circle Jerks

10.  Born To Lose - Johnny Thunders & the Heartbreakers







terça-feira, 16 de julho de 2013

Sem contrato, sem conhecimento mútuo e separados por séculos

por Laura Tardin e Guilherme Schneider



Os meios culturais vivem se comunicando.  É um tal de livro inspirado em filme, filme inspirado em música, peça de teatro baseada em livro...  É claro que as músicas também haviam de ter inspiração, direta ou indireta, em obras literárias. A parceria de ideias existe sem contrato ou conhecimento mútuo - e alguns autores estão separados por séculos. Também podem acontecer espontaneamente, sem que as partes compartilhem seus interesses financeiros, sendo apenas uma forma de inspiração ou homenagem. São muitos os exemplos possíveis, divididos entre diversos estilos e origens musicais.  Aqui, citamos mais de 20 exemplos, separados em oito arquivos contendo faixas: um arquivo com músicas de rock e pop; o seguinte, contendo músicas brasileiras; e o terceiro, contendo músicas de rock pesado e metal.



1. Rush - Tom Sawyer  
O título e a narrativa da letra têm a ver com o herói criado por Mark Twain. O ritmo dá à música uma ideia de aventura, assim como ocorre nos três livros.

2. David Bowie - 1984  
Que Bowie é um dos artistas mais ligados em ficção (inclusive a científica), já sabemos.  O cantor inglês tomou base no livro 1984 para compor não somente a música homônima, mas todo o disco Diamond Dogs, lançado em 1974. Bowie queria iniciar uma produção cinematográfica baseada no livro de George Orwell, mas os detentores dos direitos autorais o impediram. Então, Bowie fez um disco cheio de referências na história de Big Brother. 1984 também serviu de referência para outras bandas, como Muse (The Resistance, álbum de 2009) e Incubus (Talk Show On Mute, 2004).

3. Simon and Garfunkel - Mrs. Robinson
A canção foi composta pela dupla e fez parte da trilha sonora do filme A Primeira Noite de um Homem, de 1967, baseado no livro homônimo (The Graduate, de Charles Webb, de 1963). A música é dedicada à Senhora Robinson, que trai seu marido com o protagonista, Benjamin Braddock.

4. Velvet Underground - Venus in Furs.
A banda dos anos 60 é cheia de referências às artes.  Além da capa do álbum de 1967 ter sido feita por Andy Warhol, o disco contava com uma canção de título Venus in Furs - assim como A Vênus de Peles, romance de Leopold Von Sacher-Masoch. A atmosfera da música é considerada sexy pelo baixista John Cale e a letra toca em temas do universo sado-masoquista, com botas de couro e açoites.

5. The Beatles - I Am the Walrus. 
Advinda da fase mais lisérgica da banda, I Am the Walrus surge no álbum Magical Mistery Tour, de 1967. As referências da música podem não ser precisas, vindas de sonhos e trechos de construção suspeita, e até os Beatles brincam com as suposições de sua interpretação. John Lennon visita Alice no País dos Espelhos, continuação de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (1871 e 1865, respectivamente),  no trecho A Morsa e o Carpinteiro.  Na versão da Disney de Alice, há uma cena contendo os personagens. Outro fato curioso é que o rosto de Carroll aparece entre os que ilustram a capa do disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, de 1967.

6. The Libertines - The Narcissist
A letra critica as garotas modernas, preocupadas com consumismo e vaidade. “They’re just narcissists/Oh, what’s so great to be Dorian Gray every day?” Dorian Gray é o protagonista de O Retrato de Dorian Gray, escrito por Oscar Wilde em 1890. No livro, o belo protagonista vive por diversas gerações sem nunca envelhecer, já que sua alma e seus erros estão aprisionados dentro de um retrato dele.

7. Ramones - Pet Sematary. 
Stephen King escreve Pet Sematary (O Cemitério Maldito) em 1983, um de seus contos mais assustadores. O livro narra a história de uma família americana que descobre que mora próximo de um cemitério de animais, construído sobre um antigo cemitério indígena.  Ali, é possível trazer à vida animais mortos, o que traz diversos problemas aos atormentados Creeds e seus filhos.  King era fã e amigo dos Ramones quando, em 1989,  é lançado um filme baseado no livro.  Quem compõe a trilha sonora é ninguém menos que a banda nova iorquina. A tríade se fecha quando os Ramones lançam em seu álbum Brain Drain, de 1989, uma canção também chamada Pet Sematary, cuja direção do videoclipe teve uma mãozinha do escritor de terror. Portanto, clipe, música, filme e livro têm tudo a ver.

8. The Police - Don’t Stand so Close to Me.
Sting, cantor e baixista, foi professor antes de fazer parte da banda britânica. A letra conta a história de um professor assediado por jovens alunas, embora Sting negue que a narrativa seja autobiográfica. Ele afirma que é inspirada no livro Lolita, escrito pelo russo Vladimir Nabokov em 1955. Há referências mais diretas à obra em músicas da banda The Veronicas ou na canção de Lana Del Rey.

9. Kate Bush -  Wuthering Heights. 
A cantora tomou base em Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë.  Tendo visto o filme e lido o livro ainda aos 18 anos, Bush descobriu que fazia aniversário no mesmo dia de Brontë e compôs sua canção mergulhada na obra. Heathcliff, It's me, Cathy, I've come home/I'm so cold, let me in-a-your window”, canta Bush. A letra tem a personagem Catherine Earnshaw como narradora.  No livro, Cathy é apaixonada por Heathcliff, mas se afasta dele para se casar com Edgar por motivos financeiros. A canção tem como premissa uma súplica feita de Cathy a Heathcliff para voltar, e a letra é simplesmente Morros Uivantes por inteiro.

10. The Cure - Killing an Arab. 
O Estrangeiro, livro de Albert Camus, inspirou diversas outras obras, entre elas A Revolta dos Dândis, do grupo brasileiro Engenheiros do Havaí. Na canção escrita por Robert Smith, líder da banda The Cure,é descrita uma cena de assassinato na praia, a mesma em que Meursault, personagem de Camus, atira contra um árabe num mesmo cenário (falamos sobre isso na marreta Plataforma, de Michel Houellebecq)







1. Pitty - Admirável Chip Novo. 
A cantora baiana inspirou-se em Admirável Mundo Novo, livro de 1932 do autor Aldous Huxley, para compor um álbum cheio de referências. A canção-título descreve um hipotético futuro no qual as pessoas têm ações pré-condicionadas para que prevaleça a harmonia entre homens e regras sociais - “pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se esqueça”. O livro também deu margens a outros títulos nacionais, como Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho.

2.  Caetano Veloso é um grande caso da música brasileira que se encaixa aqui. Dentre suas inúmeras faixas, ele homenageia diversos poetas, usando suas obras em trechos ou em letras inteiras. No caso de O Navio Negreiro, canta e interpreta com sua irmã, Maria Bethânia, o poema do também baiano Castro Alves.  A obra, escrita em 1869 pelo poeta de apenas 22 anos, faz parte da terceira parte do Romantismo Brasileiro, citando questões abolicionistas. Já na música Os Argonautas, são lembrados os versos do português Luís de Camões e as palavras de Fernando Pessoa, no famoso trecho “navegar é preciso, viver não é preciso”. Em outro caso, Caetano cita Gregório de Mattos, o Boca do Inferno brasileiro, em sua bela canção Triste Bahia, baseada num poema homônimo. 

3. Djavan - Alegre Menina. 
A canção é interpretada por Djavan, mas foi composta por Dorival Caymmi. Serviu como trilha sonora da novela Tieta, baseada em Tieta do Agreste, obra de Jorge Amado. Recentemente entrou também na trilha da minissérie Gabriela, inspirada na também obra de Amado, de 1958, Gabriela, Cravo e Canela.

4.  Legião Urbana - Monte Castelo. 
A canção de Renato Russo é um diálogo com o texto do apóstolo Paulo, contido na Bíblia, e com o Soneto 11 de Luís de Camões (“o amor é fogo que arde sem se ver...”).  O título é uma referência à batalha de Monte Castelo, realizada na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, onde os pracinhas, soldados da Força Expedicionária Brasileira - FEB , foram, em sua maioria, dizimados.

5. - Lobão - A Hora da Estrela
A música, lançada no disco Nostalgia da Modernidade, de 1995, leva o mesmo título do último livro publicado pela escritora Clarice Lispector, de 1977.





1. Iron Maiden. 
A banda britânica simplesmente vale pelo conjunto da obra, privilegiando especialmente escritores e obras inglesas. Murders of the Rue Morgue faz menção ao livro Os Assassinatos da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe. The Sign of the Cross se relaciona com O Nome da Rosa, de Umberto Eco.  Brave New World, álbum de retorno de Bruce Dickinson à banda, fala de O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Lord of the Flies homenageia O Senhor das Moscas, de William Golding. Existem outras dezenas de referências, que vão de filmes até a Rainha da Inglaterra.

2. Metallica. 
A banda homenageia o autor H.P. Lovecraft em faixas como The Call of Ktulu, The Thing that Should Not Be e All Nightmare Long. Outras bandas de metal, tais como Iron Maiden e Black Sabbath, também homenageiam o autor americano.

3.Nirvana - Scentless Apprentice. 
A letra é baseada num dos livros favoritos do cantor Kurt Cobain, O Perfume, de Patrick Süskind, publicado em 1985 (veja a marreta deste livro). A canção é a única do álbum In Utero, lançado em 1993, a ser escrita por todos os componentes da banda, e não somente por Kurt. A obra literária também teve influência em outras músicas, como Du Riechst so Gut, da banda alemã Rammstein - título que quer dizer, justamente, “você cheira tão bem”.

4. Guns n’Roses - Catcher in the Rye. 
Lançado na nova fase do Guns, a música, com o mesmo título de O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, cria uma ponte entre Mark Chapman e o livro. O assassino de John Lennon portava O Apanhador ao cometer o crime (veja a marreta sobre o livro)
5. Blind Guardian. 
Praticamente,  a banda faz homenagem a J.R.R. Tolkien e sua obra. Em 1998, é lançado o álbum Nightfall in Middle Earth, baseado inteiramente no livro O Silmarillion. No disco Somewhere Far Beyond, cujo título foi inspirado na série The Dark Tower, de Stephen King, são lançadas duas partes de The Bard's Song - In the Forest ou The Hobbit, também baseadas em Tolkien. Outras bandas fazem referências a mundos fantásticos, como Rhapsody.
6. Achilles, Agony And Ecstasy In Eight Parts - Manowar
A maior música da banda, com nada menos de 28 minutos, conta, em 8 atos, a história da ira de Aquiles, texto atribuído a Homero em Ilíada. Também pensando em Homero, a banda Symphony X lançou em 2002 o álbum The Odyssey, cuja faixa título tem mais de 24 minutos.
7.  Led Zeppelin. 
A banda conta com algumas discretas, mas importantes citações ao autor J.R.R. Tolkien. A letra de Ramble On, música do cd II, de 1969, cita “Was in the darkest depths of Mordor, I met a girl so fair/ But Gollum, and the evil one crept up and slipped away with her”. Alguns comparam a letra de Battle of Evermore com o livro O Retorno do Rei, último livro da trilogia de O Senhor dos Anéis, a partir de seus cenários e personagens épicos. Também há quem diga que Misty Mountain Hop contém referências a O Hobbit.

8. Pink Floyd - Animals
É a partir do lançamento deste álbum que a banda inglesa passa a usar um porco gigantesco em seus shows. Assim como outros álbuns, Animals, de 1977, lança diversos conceitos que servem para questionar. Baseado na obra de George Orwell, A Revolução dos Bichos, o álbum do Floyd critica o capitalismo praticado na Inglaterra dos anos 70. O porco é uma referência aos principais personagens do livro de 1945,e assim aparecem nos títulos das músicas: Pigs on the Wing, Dogs, Pigs (Three Different Ones), Sheep, Pings on the Wing (Part II). As referências da histórica banda não pararam, é claro. Dizem por aí que o filme O Mágico de Oz, baseado no livro com o mesmo título de L. Frank Baum, fica perfeitamente sincronizado se exibido junto com o álbum The Dark Side of the Moon, de 1973.